Casadinho
- Laíssa Esmeraldo
- 26 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
Sentada na beira da cama, às 06h da manhã, vejo pela janela o céu com tons de azul ciano e o sol que clareia o meu quarto. Aquela fumaça, que insistiu em pairar sobre as terras alencarinas no final de semana, já não existe mais. As segundas-feiras, para mim, são sempre de tentativas (às vezes, frustradas) de recomeços. “A partir de segunda, começo a dieta”. “A partir de segunda, vou escrever mais.” “A partir de segunda, vou à academia todos os dias”… a lista é longa. E eu, como boa otimista, fiz a minha. Fiz ontem, enquanto o Fantástico me surpreendia com a sua vinheta clássica, marcando o fim do domingo (como assim, já?). Mas ainda estava muito acordada para conseguir dormir e me lembrei do ótimo fim de semana que tive, e isso me trouxe alegria. “Já sei! Ser feliz! Esse é o primeiro item da minha lista.” Pensei, então, como eu iria dar um “check” nesse ponto. Difícil, né? Levanto-me e, no curto caminho para a cozinha, acabo me empolgando pensando no que vou comer. Café da manhã, lanche e almoço: tem tudo no famoso R.O. (resto de ontem) do final de semana. Salgadinho, bolo, arroz e camarão! De repente essa alegria passa, dando espaço para uma leve ansiedade e aflição: “quantas calorias têm nisso tudo?”. “Ah, não preciso disso! Ou será que preciso?”. À mesa, sirvo-me com café e descasco uma banana. Um pensamento inconveniente me faz lembrar do tempo em que eu somava, subtraía, dividia e multiplicava calorias. Eu era feliz? Não. Mas, já tem um tempo que me divorciei desse controle e olha só, sou bem mais feliz. Ser feliz, por um longo (e inoportuno) período, tinha relação direta com peso. Ser feliz, hoje, é ser verdadeira, fiel a mim mesma. Uma paz me invade, percorre meu corpo. Olho para o céu, limpo, brilhante. Um gole no café e uma única pergunta surge para escolher a sobremesa do dia: “brigadeiro ou beijinho?”
Escolhi o casadinho.
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